sábado, 3 de outubro de 2009

Juliana

Juliana atravessa a rua todos os dias, mas ninguém a vê, como fez hoje. Mas hoje a observei, em seus passos direcionados pela rua.
Ela faz ballet, sabe tocar música clássica no piano que ganhou da avó, para agradar sua mãe.
Juliana sonha aprender a tocar bateria, é fã de tudo o que não presta, tudo o que não toca em um teatro, em uma orquestra sinfônica, uma coisa bruta, banal. E isso é um dos segredos que esconde do pai, que é contra as drogas, mas que foi hippie até os 23.
Ela tem uma agenda eletrônica, que ela mesma não organiza nada por conta própria. Tem um sonho de infância, de ser independente.
Depois da faculdade de Oceanografia que sempre quis cursar, quer viajar pelo mundo, conhecer os países, mas seu pai prefere direito, tem tradição e nome importante. Ela prefere os animais, até já teve um peixe, morreu um dia o coitado, foi triste, teve lágrimas e um coração quebrado, pela ausência do peixe pacato.
Todo o dia Juliana passa pela mesma rua e ninguém a vê, pobre menina. Hoje a vi, mas não lembrava seu nome. A reconheci por seus passos direcionados, com objetivos traçados. Têm planos para o futuro, sonha em ter vontade própria.

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