quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Herói de Mim

Eu aprendi a ser herói de mim, quando me dei conta que ninguém estava no mundo para me salvar e que o maior vilão na minha história era eu.
Eu resolvi dizer não para o fundo do poço a me chamar, rever as companhias, repensar sobre o que eu estava fazendo nos lugares, resolver o que eu queria da vida.
Não precisei de um grande amor pra me salvar, o único amor que intercedeu foi o meu amor por mim. Fiz-me herói pra vencer uma causa que não era de mais ninguém. Fui advogado dos meus diabos, juiz e também advogado dos bons em mim.
Eu aprendi a ser herói de mim, quando percebi que as drogas não iriam me salvar, assim como a igreja; que lindas moças não iriam me dar tudo, assim como grandes amores; que os amigos não estão presentes em tudo, assim como a família. Dei-me conta de que 8 ou 80 não era pra mim, que eu não queria ser uma coisa ou outra, que um era relativamente muito pouco para mim.
Eu aprendi a me salvar, quando percebi que já tinha bebido demais pra voltar pra casa sozinho; que eu tinha chorado demais no escuro e o claro era algo a cegar; que eu tinha passado por tantas sem ter de fato pertencido a ninguém.
Eu aprendi a ser herói de mim, quando entendi que só quem poderia me salvar era eu.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Eu gosto é do gasto

Eu gosto de pessoas difíceis, inconquistáveis, que quando em silêncio transmitem franqueza e calmaria. Mas quando abrem a boca, são um grande segredo por si só. Que têm um mar de opinião própria, sem medo de errar.
Eu gosto da conquista complicada, de procurar maneiras e argumentos, de esquentar a cabeça e de observar demais, sem deixar de dizer.
Eu gosto de tatuar meu nome em lugares secretos, se não for o coração, me entregue à alma. Gosto de quem não precisa de mim, para que eu possa me entregar e depois partir sem ter a necessidade de nunca mais voltar.
Eu gosto de segundas chances, de ser previsível para quem me conhece bem, de conhecer também tão bem e saber não só os pontos fracos, mas também vírgulas e exclamações.
Eu gosto de pessoas misteriosas, porém engraçadas. Que escondem um mundo no olhar, com um forte desapego. Porém com um ciúme incontrolável, fumegante e com um orgulho tão falho quanto o meu.
Eu gosto do tosco, do trash e do bárbaro. Gosto de quem cria, mas também de quem plageia. Gosto do gosto forte, do que corta e rasga, do que é quase impossível de possuir.

Não sei.

Não sei se é vontade de fumar, ou de tacar fogo na alma.
Não sei se é vontade de beber, ou de afogar o espírito.
Não sei se é sono, ou desejo inconsciente de calar a voz que te chama.
Eu me sinto incapaz, covarde e muito pouco autentica. Gritei pra quem quisesse ouvir o real motivo, repetindo sempre aquela seqüência de palavras que ainda não consegui entender. Um dia vamos rir disso tudo uma hora dará certo.
Eu quero sair de casa, ficar ausente do mundo, ficar com qualquer pessoa. Mas trocaria tudo por estar com você. Só eu sei medir as proporções do bem e do mal.
Não sei o que mais desejo, silencio ou um barulho ensurdecedor. Prefiro a ausência de consciência.

A nova Dança

Um dia me disseram que eu danço muito mal, que não sei acompanhar ritmos, inovar e nem tenho swing. E mesmo sabendo disso, eu te tirei para dançar.
Vou inventar um nome fictício, já que não pega bem chamar seu nome desse modo. Faz de conta que é Ana, por que se não termina assim, deveria começar.
Ana, eu pensei o tempo todo em te dar o melhor que houvesse em mim. Mas no fim, tudo o que fiz de real foi chorar.
Ana, eu te tirei para dançar porque me julguei capaz de no meio da música aprender.
Eu esperei por um milagre, mas você por si só era bem mais que luz. Mais uma vez eu não soube interpretar os sinais.
Ana, tudo termino do mesmo jeito em que começou. Desculpe-me, mas não sou covarde, sem ser coragem, sou uma interrogação no meio de uma resposta. Incoerência.
Ana, eu amo o modo como sorri, mas te fiz chorar; amo sua voz, mas te fiz calar; amo sua companhia, mas te abandonei. Tirei-te pra dançar, sem saber fazer.
Ana me desculpe, mas cada palavra sua bate forte na minha alma arrebentada. Fiz bem mais o seu mal, veja outra vez.
Ana, você foi à melhor coisa que meus olhos já viram. Agora é hora de ir embora, cresça e desapareça de mim. I’m sorry.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Careta

A falta que um careta faz é algo a se expressar.
O tempo está chuvoso, mas ainda está calor, agora um café só serviria para estressar mais do que já estressou. Meus olhos fartos d’água se encheram outra vez com a lembrança dessa história, dessa estrofe que não para de repetir. Sei que se eu der play no radio, qualquer canção vai me ferir.
Quebrado, partido, ferido, sofrido sinônimos do meu coração. Melancolia multiplicada, realmente eu só queria chorar. Mas só, esse ser só, não tenho me permitido ser. Não sei amar de menos, escolher pessoas. Se amo sou de arrebentar-me por qualquer 1. Não fui eu.
A falta que um careta faz chega a ser emputecedora, caótica, um parkinson momentâneo, convulsão da alma.
“Eu não deveria ter tomado aquele maldito café”, é o que estou pensando agora sem parar. Eu não deveria ter terminado ado, ado. Droga.
Qualquer canção pode ser sua, mas agora eu trocaria qualquer rit da década passada dedicado a mim por um careta, uma xícara de café e alguns pingos de chuva.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sol Congelado

Eu poderia muito bem lhe escrever algo que lhe agrade os olhos e conforte a mente. Mas eu estaria mentindo pra você, se dissesse que tudo está bem, ou melhor, ficará tudo bem. Não posso nem dizer que não te amo, e não há como terminar algo assim bem.
Eu poderia muito bem gritar para o mundo que estou bem, e encenar também. Mas isso seria mentir pra mim, e isso já sei fazer de côr. Todos sabem que é exatamente isso que farei, o “por quê?”, não sei.
Meu bem olhe para o mundo e veja como as coisas realmente são. E depois de fazer isso, olhe para mim e veja que não perdeu nada enquanto estava por ai à caminhar, observar, viver, crescer. Pode passar mil anos, que estarei no mesmo lugar, vulgo sol, que permanece congelado no universo, mesmo tendo todo fervor que um real amor deveria ter.
Querida, vá viver e me esqueça, ou melhor, não me escreva.

domingo, 31 de outubro de 2010

Green Eyes Part. 2

Esses olhos verdes vão me levar à perdição, eu tento e tento. Sim, eu não paro de tentar, sempre sem conseguir.
Eu te vejo de longe, longe demais, demais de mim, demais para mim. Agora não se tratam apenas de mãos que tremem, meu corpo entra em colapso quando meus olhos se encontram com os seus. É quase um pecado te olhar.
Um amor a distancia, amor pelo menos para mim. Todo mundo duvida, ainda bem que quase ninguém percebeu o quanto, o tanto meus olhos se perdem em busca dos seus.
É eu passo calor, febre, frio... acho que até já passei fome para te observar. Amor a distancia, só posso falar por mim.
Toda vez que te vejo, me desconcerto lentamente, arrumo o cabelo, bato pé, desvio o olhar. Inspiração inconstante, minha respiração parou no instante em que você sorriu para mim uma vez, foi demais.
Esses olhos verdes vão me afogar. Não sei se falo sobre amor, paixão, desejo ou perdição. Viveria cem anos no seu olhar, só por uma chance apenas de morrer em seus lábios.
Disfarçando sem desfocar, todo mundo pode olhar, mas espero que ninguém veja o que eu vi em você.
Esses olhos verdes vão me fazer morrer, definhar, sair da linha por vontade própria, mandar a lucidez para o raio que a parta.